Por Francisco de Assis Sousa
Antes mesmo da chegada das primeiras águas, com os galhos ainda nus, o umbuzeiro já apresenta as primeiras flores, e o sertanejo com um sorriso no rosto, diz: “O imbuzeiro tá fulorando. É sinal de bom inverno”, e assim aquece a esperança de plantar sua rocinha, ver os açudes encherem e a pastagem crescer. Com a formação dos primeiros frutos, a molecada se arrisca e sobe até a copa da árvore para pescar os imbuzinhos ainda verdes. Outros se contentam em ficar embaixo e derrubá-los usando uma vara de marmeleiro.
Da família das Anacardiáceas, Spondias tuberosa, o umbuzeiro é uma árvore baixa, esparramada, com tronco atrofiado em relação ao tamanho da copa. Possui raízes longas, espraiadas, mais ou menos superficiais, intumescências redondas com reservas d’agua. A frutificação, que se verifica no início das chuvas, é geralmente abundante. Além de ser consumida pelas pessoas, com ela se faz geleia, doce e imbuzada – umbu cosido, misturado com leite e açúcar -, prato bastante apreciado pelo sertanejo. É uma das fontes de vitamina C que dispõe os habitantes do semiárido. O umbu maduro compõe-se de 14,5 mgs de ácido ascórbico por 100 cc, ao passo que o verde acusa 33,3.
“Pra onde vai minino?”, grita a mãe. “Tirar imbu”, responde o garoto. “Quando chegar lá, olhe bem para o chão. Cuidado com as cobra. Elas fica no oco do imbuzeiro, onde vocês bota os pé; nos buraco que os peba cava, ou fica caminhano entre os bagaço”, complementa. “Tenha cuidado! As cascavel e as jararaca é a mais que anda”. No momento da chuva, o sertanejo não recomenda que as pessoas se protejam debaixo do umbuzeiro, pois é vulnerável ao corisco – descarga elétrica expelida pelos relâmpagos.
O estágio do fruto mais apreciado pelos consumidores é o intermediário, popularmente batizado de inchado. Nesse estado, o fruto se apresenta em volume considerável, antes de chegar ao amadurecimento. A procura é frequente e muitos utilizam como forma de agradar as pessoas mais próximas. “Cumade, trouxe um litro de imbu pra você. É lá do imbuzeiro da Jurema. Docim que só!”. “Obrigada comadre!”. É utilizado também como tira-gosto em mesa de bar. “Uma dose de pinga com imbu é muito bom”, comenta um apreciador.
Sua floração começa no mês de outubro, germinando-se logo os primeiros frutinhos, todos de tamanho muito pequeno. Em janeiro e meado de fevereiro inicia-se a maturação, podendo encontrar, pela manhã, uma grande quantidade desses amadurecidos pelo chão, sendo consumidos por caprinos, suínos, ovinos e até por bovinos. A qualidade do sabor varia de árvore para árvore. Uns se apresentam mais doces e outros azedos.
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