A Polícia Federal deflagrou no início da manhã desta quinta-feira (14) a Operação “Onzena” decorrente da investigação policial que apura fraude em processos licitatórios e superfaturamento em contratos públicos firmados pela Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares (FEPISERH) e a Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (SESAPI), destinados ao combate do novo coronavírus e custeados com recursos públicos federais repassados pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS).
De acordo com informações do núcleo de comunicação da Polícia Federal, a investigação teve início após ampla divulgação pela mídia local e trabalhos de auditoria realizados pelo TCE e CGU acerca de contratações superfaturadas realizadas pela empresa FEPISERH, no valor de aproximadamente R$ 5,5 milhões, e a SESAPI na ordem de R$ 30 milhões beneficiando uma empresa específica no Piauí.
No curso das investigações foram analisados processos licitatórios, contratos, processos de pagamentos, notas fiscais, dentre outras diligências, que alinhados apontam um prejuízo efetivo ao erário federal de quase R$ 20 milhões decorrentes de contratos firmados pela FEPISERH e SESAPI.
A título de exemplo, a empresa sob investigação realizou a venda a entes públicos de itens como máscara N95, máscara cirúrgica descartável, dentre outros, em percentual de até 500% superior ao definido na nota técnica 05 da CGE/PI como o praticado no mercado mesmo em período da pandemia provocada pela COVID-19. Ainda durante auditoria realizada pelo TCE/PI na sede da SESAPI foi constatada aquisição de testes rápidos para detecção da COVID-19 classificados como “não conformes" pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Nesta fase da investigação estão sendo mobilizados 70 policiais federais e oito auditores e técnicos da Controladoria-Geral da União do Piauí para o cumprimento de 17 mandados de busca e apreensão nas cidades de Teresina, Picos, Bom Princípio e Timon/MA, expedidos pela Justiça Federal do Estado do Piauí. O objetivo do cumprimento das medidas judiciais é colher elementos de prova que ratifiquem a tese de superfaturamento em contratações públicas realizadas pela FEPISERH e SESAPI no intuito de favorecer empresas específicas, dentre outras práticas criminosas.
Os investigados poderão responder, na medida de suas culpabilidades, pelos crimes de associação criminosa, fraude a licitação e desvio de recursos públicos cujas penas somadas podem chegar a 20 anos de reclusão.
Operação “Onzena”
A palavra “onzena” significa juros exorbitante e excessivo e faz referência aos contratos exorbitantes e superfaturados firmados entre entes públicos e empresa com forte atuação nos estados do Piauí e Maranhão.
Fonte: *Com informações da Polícia Federal.